Por puro prazer, Osvaldo Ribeiro expõe neste maio-junho, na galeria da Aldeia do Beto, algumas de ssuas fotos preferidas. Parte delas são imagens de outros tempos, como o Dia da Neve em Curitiba em 1975, variações de cinza em campo branco. A maioria, porém, são fotos que ele tem feito ultimamente, algumas quase à véspera, como a do pessoal que está trocando (ou já trocou) as torres da Avenida das Torrres, estudo de vertigem contra o azul absoluto do céu curitibano.
Trata-se, esta mostra, acolhida pela sempre elegante hospitalidade do brioso clã dos Amorim, de uma bem rara chance de se conhecer, sob nome próprio, reunidas em grupo, com exata deliberação (ainda que escolhidas seguindo o puro fio da emoção), amostras significativas da produção de um dos nomes de maior peso entre os fotógrafos do Serviço Público do Estado do Paraná.
Um veterano mestre, este senhor, Osvaldo Ribeiro, cujas lentes capturam há décadas a cena ao mesmo tempo dinâmica e cerimoniosa dos recintos do Poder, lentes que sabem o semblante dos governadores desde as priscas eras de um Dr. Paulo, no desmaiar das Liberdades dos anos 60, passando pelo primeiro Jaime, na Ditacuja dos 70, e pelo peimrio Richa, no renascimento da Democracia, a partir de 83, até os dias atuais. A propósito, ver o à vontade com que o jovem Ribeiro fotografa, de cima de uma cadeira, a reunião de Canet com o secretariado, no Iguaçu, flagrada por Antonio Fialla.
Com efeito, Osvaldo Ribeiro integra o time de fotógrafos profissionais que, na cobertura rotineira do Poder Estadual, alcançaram por vezes a altura da obra de arte, uma lista que na linha do tempo inclui autênticos artistas da câmara, a exemplo de Oswaldo Jansen, Silvestre Sdroyewsky, Antonio Fialla, Alceu Bacil, Liu Carneiro, Urutides Borges, Roberto Abreu, para citar apenas alguns da velha guarda. Osvaldo Ribeiro vem desses tempos, e continua admiravelmente na atuva, aos 74, cumprindo pautas diárias no “fervo” da Agência Estadual de Notícias, depois de desbravar a barreira digital, com suas novas regras e códigos. Querem vê-lo elétrico e animado, é passar-lhe tarefas que começam de manhã cedinho e seguem até o fim do dia. Dos corredores do Palácio aos limites territoriais do Estado, pegando estrada e furando feriados e finais de semana, tudo é um mesmo amor à fotografia, ao trabalho e ao Paraná.
Na estrada, aliás, começou a fotografar. Mal inaugurada a Rodovia do Café, idos de 1962, ele encarava o desafio de fazer em prazos impossíveis a rota Curitiba-Londrinam como chauffer das F-350 da Tribuna do Paraná, ainda sob a direção de Aristides Merhy. Depois o Dr. Paulo comprou o jornal, montou sucursal londrinense, e essa tarefa se adensou ainda mais. Era sair da boca da gráfica o quanto antes e, atravessando a madrugada, chegar ali na beira de Apucarana em tempo de entregar a carga de jornais às kombis que o distribuíam pelo Nortão. Com o tempo, Osvaldo pediu uma câmara para registrar os acidentes de estrada que ia testemunhando. Depois aprendeu a revelar. Depois, vestiu em definitivo o jaleco do profissional da fotografia. Em 69, casado e com crianças, tranferiu-se pelo melhor salário à Fundepar. Era o começo da carreira de fotógrafo no Serviço Público.
Mas das fotos desta exposição só umas poucas integram a produção digamos oficial de Osvaldo. O principal anda guardado nas dobras da Coleção Palácio Iguaçu, lá no Museu da Imagem e do Som. Trata-se aqui de uma diversão, um exercício sem pauta e sem obrigação, por assim dizer a hora do recreio do estudante de luzes Osvaldo Ribeiro.
Curitiba, abril de 2013
JAQUES BRAND
Post originalmente publicado em – www.aldeiadobeto.com.br
Osvaldo Ribeiro na abertura da exposição, em 23/05/2013. Imagens, Gilson Camargo.
Olhar Comum 