Oficina sobre o amor | Teatro Guaíra

Documentação fotográfica e editoração de página de acervo para projeto artístico realizado em parceria de Octavio Camargo (Cia Iliadahomero) e Brandon LaBelle (Universidade de Bergen).

https://workshopaboutlove.wordpress.com/

É o amor uma base potencial para orientar trabalhos por meio de cooperação, festividade, na busca de convergências ou até mesmo no simples desfrute de um tempo livre? Pode o amor se tornar uma moeda que enfatiza o valor relacional e a construção de economias solidárias? Se o amor é muitas vezes a base para a imaginação artística e para o cuidado geral com as coisas, pode o amor nos levar a uma arte de viver mais ousada? Por meio de tais perspectivas, a oficina se envolve com o amor como uma experiência e uma capacidade profundamente humanas, como algo que atravessa culturas e sociedades, moldando a nossa disposição para a ação solidária e que também pode nos mover em direção a outros não humanos, ao mundo das coisas e da natureza: o amor como um poder relacional planetário.

O cronograma do workshop é guiado pelos seis elementos essenciais da tragédia descritos na Poética de Aristóteles. São eles: a fábula (ação ou enredo); o personagem (ethos, caráter); a elocução ou dicção; o pensamento (dianoia); o espetáculo em cena; o canto e a música; com o acréscimo de um elemento não citado por Aristóteles, porém não menos importante; a festa, a celebração.

Sediada no Centro Cultural Teatro Guaíra, a oficina propõe a realização de cenários performativos ou de ações exploratórias, incluindo gestos de cuidado e hospitalidade, onde o amor se estende para além da intimidade fechada dos amantes em direção ao senso de responsabilidade pelo outro, sendo neste aspecto, guiada por discussões e reflexões sobre o amor seguindo o que Richard Gilman-Opalsky chama de “afeição comunista” – onde o amor é colocado como uma forma de potência coletiva. O que o afeto comunal pode significar para a ordem da cidade e as funções da participação cívica? Como o amor nos informa sobre um senso de cidadania e sobre o direito de ter direitos? Tais questões implicam uma consideração do ofício, do métier artístico, onde uma relação com materiais, coisas e conhecimentos, leva à formação de “técnicas” – desde o artesanato e o manuseio cuidadoso das coisas, até a composição de materiais, palavras, música e fala, que contribuem para o jogo social da potência, da esperança e da alegria. Desde dar atenção ao outro ao cuidar da cidade em torno, a oficina propõe o amor como base para a busca de uma hospitalidade radical e para a encenação, ainda que inicial, porém focada, de um discurso de boas-vindas. O amor, nessa perspectiva, não se confina ao aspecto erótico-imaginativo do romance, mas, sobretudo, forma a base para movimentos e atitudes no sentido de estarmos juntos.

A oficina é gratuita e aberta ao público interessado nas áreas de teatro, artes visuais, música, sociologia, site specific, performance, dança, psicanálise, política, ação social, direito, filosofia e cultura surda.

Oficina sobre o amor – Comunidades de amantes
Manual para construção de uma peça de teatro
Com Brandon LaBelle e Octavio Camargo
De 16 a 24 de maio de 2022
Centro Cultural Teatro Guaíra, Curitiba/PR
Realização: University of Bergen (Noruega) e Cia Iliadahomero de Teatro (Brasil)

Segunda-feira, 16/5 – enredo (mito)
14h as 18h Introdução aos conceitos de amor: o amor como poder social, reflexões sobre teatro: o teatro como espaço democrático, mapeamento de atividades para a semana.

Terça-feira, 17/5 – personagem (ethos)
14h Tour no edifício do Centro Cultural Teatro Guaíra, com Áldice Lopes, diretor artístico do teatro.
16h Discussão sobre teatro e amor com Fernando Marés, ator e cenógrafo.
17h as 18h Jogos de improvisação, formas de sincronizar.

Quarta-feira, 18/5 – dicção (lexis)
14h as 18h Discussão sobre conceitos de fala e voz. Discussão sobre a escuta, improvisações de fala, falar como um outro ecológico. O que seria uma democracia ecológica?

Quinta-feira, 19/5 – música (melopeia)
14h as 18h Música e arte sonora, temas abordados no livro “Acoustic Justice: Listening, Performativity, and the Work of Reorientation”, de Brandon LaBelle.
20h Palestra: O Amor e o Direito: “O amor, o crime, a lei”
com Rita de Cássia Lins e Silva

Advogada. Mestra e doutora em Filosofia política (PUCPR), pós-graduada em Direitos humanos (USP), Direito socioambiental (PUCPR), Direito constitucional (UFPE) e Metodologia do Ensino (UFPE). Atualmente é pesquisadora do Centro de Estudos da Constituição da Universidade Federal do Paraná, membro conselheiro do Conselho Permanente de Direitos Humanos do Estado do Paraná, membro titular das seguintes comissões da OAB-PR: comissão de direitos humanos, comissão de assuntos culturais e comissão de estudos constitucionais.

Sexta-feira, 20/5 – espetáculo (opsis)
14h as 18h Artes visuais e estética: Qual é a relação entre amor e arte? Leituras de Erich Fromm, A Arte do Amor.
20h Palestra: O amor, o Estado e a sociedade: “Considerações sobre direitos humanos e proteção social.”
com Juciméri Isolda Silveira

Mestre em Sociologia (UFPR), doutora em Serviço Social (PUCSP), coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos (PUCPR), professora do Mestrado em Direitos Humanos e Políticas Públicas e do Curso de Serviço Social da PUCPR. Atualmente é superintendente da Fundação de Ação Social em Curitiba. Desenvolve trabalhos sobre o tema direitos, políticas públicas, gestão do trabalho e trabalho social.

Sábado, 21/5 – atenção surda
14h Bioacústica e a questão ambiental
16h as 18h Construção de cenografias, decoração, confecção de figurinos, inteligência gestual, trabalho com atores surdos.
20h Palestra: Novas formas de amor (?) e gênero: “se nace o se hace?”
com Léo Cardon
Analista membro da Associação Psicanalítica Internacional, fundador e ex-chefe do Serviço de Psicopatologia do Hospital de Clínicas da UFPR, diretor científico do Dedica (Direitos da Criança e do Adolescente) da Associação dos Amigos do HC da UFPR.

Domingo, 22/5 – atenção surda
14h as 18h Trabalho com atores, jogando com expressões teatrais.
20h Apresentação do vídeo “Script Surdo” e sessão de improvisação aberta ao público.

Segunda-feira, 23/5 – pensamento (dianoia)
14h as 18h Roteiro coletivo, pensar junto, pensar como ação, como trazer pensamentos num roteiro coletivo, ir para a cidade e realizar uma atividade ao ar livre.
20h Palestra: Abalos da imanência: considerações sobre o eros platônico
com Maicon Reus Engler

Pós-doutor em Filosofia Antiga (UFMG) e professor do Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação e do Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFPR, com passagens de estudo em Portugal e na Alemanha. Dedica-se ao estudo de autores da Antiguidade Clássica (Platão, Sofistas, Aristóteles) e sua recepção no pensamento alemão (Schopenhauer, Nietzsche, Husserl, Heidegger), especialmente nas áreas da retórica, poética/estética e metafísica. Possui vários artigos e traduções publicados em revistas especializadas no Brasil e no exterior. Em breve será publicada sua tradução comentada do Elogio de Helena e da Apologia de Palamedes (Górgias).

Terça-feira, 24/5 – celebração
14h as 18h Ensaio Geral
20h Encenação de expressões teatrais
22h Festa

Fotografia e edição: Gilson Camargo

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